terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Para especialista, transmídia une ficção e mundo real


A trajetória de "Avatar", de James Cameron, não vai se encerrar nas telas dos cinemas nem nos futuros DVDs. Dentro da ampla estratégia de marketing, ainda vão ter lugar de destaque games e livros para atrair o público jovem e os com espírito jovem. A proposta é manter a história do filme viva, no mínimo, nos próximos dois anos, mas com narrativas próprias para diferentes plataformas.

O protagonista desse projeto multiplataforma é o nova-iorquino criado no Havaí Jeff Gomez, fundador da Starlight Runner Entertainment. A empresa é voltada para "transmedia storyteller", como é batizado nos Estados Unidos o princípio em que a tecnologia entra em cena permitindo que uma mesma história "navegue" na internet, seja a base do roteiro de games, DVDs, anúncios, enfim, tudo se processando com contribuições diferentes em cada uma das mídias mantendo a base do roteiro original.

Gomez, que esteve no Rio na semana passada, disse que no caso de "Avatar" os produtores disponibilizaram material para que os games fossem criados ainda no início da produção. Ele acompanhou desde a fase de planejamento do filme até a execução e compartilhou todo o projeto de forma paralela às ações que foram sendo amadurecidas na agência de marketing da Fox Filmes.

Apaixonado desde garoto por dinossauros e super-heróis que instigam a imaginação, Gomez contou que teve uma infância sofrida. Ele nasceu quando sua mãe era ainda muito jovem e seus avós não aceitaram a gravidez. Ela precisou sair da casa dos pais. Quando nasceu, Gomez sofreu uma paralisia facial que lhe deixou marcas no rosto.

Nos anos 70, ele deixou os bairros violentos de Nova York para viver no Havaí . "Minha mãe disse 'somos pobres aqui por que não sermos pobres num paraíso?'" E foram para a ilha, onde para ele se deu o aprendizado de abrir espaço para a imaginação. Conta que foi lá que começou a ter vontade de dar continuidade às histórias de super-heróis japoneses que povoavam os cinemas e quadrinhos havaianos devido à proximidade física com o Japão. A fascinação com o entretenimento e a fantasia fez com que ele profissionalizasse a relação com o imaginário e retornasse a Nova York.

Gomez hoje desenvolve a receita para unir a fantasia ao mundo bem real dos produtos, das marcas e o respectivo marketing. Ele disse que um sucesso de venda tem que ter com o consumidor uma espécie de "conexão emocional". Ele citou os computadores da Apple: "Quem tem um desenvolve um caso de amor. A questão é: como criar esse amor?"

Admitiu que não é simples, mas frisou que é preciso conquistar as pessoas e uma boa história é o caminho para isso. "É fundamental trabalhar com bons roteiristas, não perder o foco, a causa e o efeito, os elementos de lógica e alimentar essa relação de amor. Mas, atenção, é importante ter o cuidado para não se abusar do consumidor, ter respeito e recompensá-lo com qualidade para que ele possa vir a interagir com a marca ", afirmou.

No Rio, Gomez participou de palestras em eventos com apoio de empresas brasileiras que já estão voltadas para a utilização do conceito transmídia. Uma das palestras foi nos estúdios da Rede Globo, o Projac. A outra foi no III Fórum Internacional ABA (Associação Brasileira de Anunciantes seção-Rio) Petrobras de Comunicação Digital.

Para um auditório lotado na sede da Petrobras, falou da participação da Starlight Runner Entertainment nos filmes de Hollywood, como "Avatar" e "Transformers", além dos da Disney, como "Piratas do Caribe", mas também em estratégias de marketing para produtos como a Coca-Cola.

Gomez pilotou a proposta transmídia para uma campanha de comerciais do refrigerante batizada de "Fábrica de Felicidade". Iniciada em 2007, segundo ele, as vendas da Coca-Cola no período da campanha chegaram a aumentar 4%. E as ações da companhia subiram de US$ 42 para US$ 60.

Uma agência de propaganda teve ideia de passar para o consumidor a informação que por trás do produto há um fábrica. E Gomez criou uma série de filmes criativos com diferentes personagens que "trabalham" dentro dessa fábrica.

Fonte: Valor Online

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