quarta-feira, 28 de abril de 2010

Computação em nuvem' estimula investimento em centros de dados

As pessoas em geral podem nunca ter ouvido a expressão, mas a chamada "computação em nuvem" tem sido um dos principais fatores recentes de impulso aos investimentos em tecnologia da informação (TI), principalmente na construção de centros de dados. Analistas garantem que não se trata de uma moda, mas de necessidades concretas de infraestrutura de tecnologia e telecomunicações que extrapolam as paredes das empresas.

Para disseminar a tendência, a Locaweb decidiu levar a "computação em nuvem" para o horário nobre da TV aberta. Com o ator Dan Stulbach como garoto-propaganda, a empresa convida o espectador a conhecer as vantagens do novo jeito de usar e comprar tecnologia. "É uma campanha educativa. Sentimos que muita gente tinha dúvida sobre o serviço", comenta Gilberto Mautner, executivo-chefe e fundador da Locaweb.

Paralelamente ao comercial de TV, a Locaweb ergueu um novo centro de dados desenhado especificamente para a oferta de recursos em nuvem. A estrutura, instalada próxima ao bairro do Morumbi, em São Paulo, consumiu investimentos de R$ 49,2 milhões. O esforço tem dado resultado, diz Mautner. Dois anos atrás não havia um contrato sequer na Locaweb baseado no conceito de "computação em nuvem". Hoje, somente com a oferta de infraestrutura (equipamentos) baseada nesse modelo, a companhia soma mais de 3 mil empresas. Na área de aplicativos - com o aluguel de sistemas de campanha de marketing por e-mail, por exemplo - são mais de 5 mil contratos. Para os próximos sete anos, a Locaweb reservou a cifra de R$ 111 milhões para expandir sua estrutura e atender a projetos baseados no conceito.

"Atualmente, 10% da receita do grupo já vem dessas iniciativas e o crescimento acontece numa velocidade incrível", diz Mautner. "Em pouco tempo, salvo raríssimas exceções, não haverá mais sentido em uma companhia optar pela compra de estrutura, em vez de contratá-la de um terceiro."

Para Sidney Breyer, presidente da Alog Data Center, a "computação em nuvem" já começou a mudar a cara do mercado. "Vemos que as novas formas de prestação de serviços de TI estão envolvendo todas as empresas e isso não é modismo, veio para ficar."

Há apenas duas semanas, a Alog passou a divulgar as operações da Tecla, unidade de negócios que foi reposicionada para oferecer, exclusivamente, serviços de TI compartilhados em nuvem. Por meio da internet, o usuário pode contratar um servidor (computador de grande porte), por exemplo, e configurá-lo virtualmente. "Em apenas 15 dias já temos 500 máquinas virtuais instaladas", diz Breyer.

A Alog, que atualmente tem dois centros de dados - um em São Paulo e outro no Rio - vai montar uma terceira estrutura em Barueri (SP). O projeto tem investimento previsto de R$ 30 milhões nos primeiros 18 meses e mais 30 milhões no cinco anos seguintes.

Além de um centro de dados no bairro do Itaim, em São Paulo, a Diveo projeta investimentos de R$ 40 milhões para expandir a capacidade de suas instalações em Barueri. O centro de dados vai ganhar mais 600 metros quadrados e expandir a capacidade de armazenamento para mil terabytes. A oferta de "computação em nuvem" é um dos serviços do portfólio da empresa, que também inclui terceirização de TI, armazenamento e comunicação de dados e software como serviço. Entre os parceiros estão Microsoft, Oracle, SAP, YKP e Softtek. "Estamos avaliando oportunidades de aquisições para expandir nossos serviços", diz Marco Américo D. Antonio, gerente-geral da Diveo do Brasil.

A realidade de todas essas empresas de TI, diz o consultor Pedro Bicudo, sócio-diretor da TGT Consult, é resultado de uma ruptura na forma de se usar a tecnologia. "Hoje, uma empresa pequena pode, por meio da nuvem, ter acesso a equipamentos e sistemas complexos que nunca teria se tivesse de adquiri-los", afirma. "O caminho é irreversível. Pode ter certeza de que há diretor de tecnologia por aí preocupado com o que vai fazer com a estrutura própria que sua empresa comprou."

Fonte: Valor Online

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