sábado, 6 de novembro de 2010

A pegada do Baidu


Para os chineses, Baidu é sinônimo de busca. E ele já era poderoso antes mesmo de o Google deixar a China. Agora, está ainda mais forte. Visitamos sua sede, um monumental edifício de US$ 70 milhões
Por Ralphe Manzoni Jr., de Pequim
Renren.com, Kaixin001 e 51.com: esses nomes dizem algo para você? E se alguém lhe perguntasse qual o seu número QQ? Na China, as suas referências de internet ficam de cabeça para baixo. Literalmente. Os três primeiros exemplos são as maiores e mais populares comunidades online do país. O QQ é um serviço de mensagem instantânea usado pela maioria dos 400 milhões de usuários de internet do país. Sabe, então, qual o sinônimo de busca?

Não é Google, como no resto do mundo. Quando vão pesquisar na web, os chineses preferem o Baidu.com. Esse é o cenário do maior contingente de pessoas conectadas à web do planeta, um país que criou empresas fortes no mundo virtual graças à censura e ao apoio do governo comunista às marcas locais. “O Google atuou diretamente na China por quatro anos e não perdemos participação de mercado”, declarou Victor Tseng, diretor do Baidu, que recebeu DINHEIRO no imponente edifício de US$ 70 milhões, desenhado pelos mesmos arquitetos chineses que fizeram o Cubo D'Água, o centro aquático da Olimpíada de Pequim, em 2008.
É um espaço que lembra uma empresa norte-americana de internet. Em seu pátio interno, há uma cascata. Amplos espaços abertos são reservados para que os funcionários possam fazer reuniões informais ou apenas conversar. Dezenas de mesas de pingue-pongue, esporte popular na China, podem ser usadas nas horas de lazer. Quatro salas que reproduzem as patas que estão no logotipo do Baidu são utilizadas para relaxamento. Inaugurado em novembro do ano passado, este é mais um símbolo da força do site mais acessado da China e o sétimo do mundo.

Com a saída do Google – que redirecionou seu tráfego para o endereço em Hong Kong por não concordar com a censura do governo comunista chinês –, o Baidu está ainda mais forte. É fácil de constatar isso observando os resultados do primeiro trimestre de 2010, período que marca o início do imbróglio do site americano com o governo comunista.
O lucro cresceu 165% e atingiu US$ 70 milhões. O faturamento aumentou quase 60%, chegando a US$ 189 milhões. De cada US$ 100 investidos em busca na China, US$ 64 foram para os cofres da empresa. Antes, eram US$ 58, segundo a Analysys, uma consultoria baseada em Pequim. Logo após o anúncio do balanço, as ações do Baidu, que são negociadas na Nasdaq, bolsa eletrônica que reúne empresas de tecnologia, subiram mais de 14%. Desde o começo da crise do Google, elas já se valorizaram mais de 70%, passando de US$ 410 para US$ 709, maior valor desde a abertura de capital em agosto de 2005.

O responsável pelo sucesso do Baidu é Robin Li, 41 anos, formado em ciência da computação pela Universidade de Nova York, em Buffalo. Atualmente, ele é o oitavo homem mais rico da China, com uma fortuna estimada em US$ 3,5 bilhões, segundo ranking da revista Forbes. A revista Time o elegeu uma das 100 personalidades mais influentes do mundo em 2010.
Em seu país, ele é tão famoso quanto Sergei Brin e Larry Page, os fundadores do Google, nos Estados Unidos. Em 1999, Li voltou à China convidado pelo governo chinês para participar da cerimônia do 50º aniversário da revolução chinesa. Viu as oportunidades de seu país e resolveu criar o Baidu com US$ 1,2 milhão que levantou de fundos de capital de risco do Vale do Silício, região onde estão localizadas as principais companhias de tecnologia dos EUA.
Hoje, a empresa tem um valor de mercado de US$ 24 bilhões, 20 mil vezes mais do que o dinheiro usado para começá-la. Outras rodadas de investimento aconteceram. A ironia é que o Google chegou a ter uma participação minoritária no Baidu. Por duas vezes, tentou comprá-lo. Mas Li nunca o vendeu.

O responsável pelo sucesso do Baidu é Robin Li, 41 anos, formado em ciência da computação pela Universidade de Nova York, em Buffalo. Atualmente, ele é o oitavo homem mais rico da China, com uma fortuna estimada em US$ 3,5 bilhões, segundo ranking da revista Forbes. A revista Time o elegeu uma das 100 personalidades mais influentes do mundo em 2010.
Em seu país, ele é tão famoso quanto Sergei Brin e Larry Page, os fundadores do Google, nos Estados Unidos. Em 1999, Li voltou à China convidado pelo governo chinês para participar da cerimônia do 50º aniversário da revolução chinesa. Viu as oportunidades de seu país e resolveu criar o Baidu com US$ 1,2 milhão que levantou de fundos de capital de risco do Vale do Silício, região onde estão localizadas as principais companhias de tecnologia dos EUA.
Hoje, a empresa tem um valor de mercado de US$ 24 bilhões, 20 mil vezes mais do que o dinheiro usado para começá-la. Outras rodadas de investimento aconteceram. A ironia é que o Google chegou a ter uma participação minoritária no Baidu. Por duas vezes, tentou comprá-lo. Mas Li nunca o vendeu.

O tema da censura é tabu no Baidu. Em uma rara entrevista ao jornal econômico The Wall Street Journal, Li abordou o assunto. “Todos sabem que a China tem um governo forte e que tem muita influência sobre quase todas as companhias que operam no país.” Não é preciso dizer mais. “Gostava mais do Google, pois os resultados tinham menos censura”, disse Ryan, um dos poucos taxistas que falavam inglês em Pequim, pois morou por sete anos na Inglaterra. “Mas agora ele foi embora.” A maioria dos chineses, no entanto, parece não se importar com isso. Afinal, a pegada do Baidu está cada vez maior.

fonte: IstoéDinheiro

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