sexta-feira, 3 de junho de 2011

TV conectada atrai Netflix, dos EUA

A Netflix, maior locadora de vídeos on-line no mundo, está de malas prontas para desembarcar no Brasil. A companhia americana já registrou uma filial no país e negocia com fabricantes de TVs a oferta de conteúdo nesses aparelhos. Não está certo ainda quando as operações começam oficialmente, mas o interesse da Netflix pelo mercado local é um claro sinal de que os hábitos de assistir TV dos brasileiros não são mais os mesmos.
Cada vez mais, TV e internet se aproximam - o que significa que o ato de ver TV está se tornando mais personalizado e interativo. Assistir a um filme, ao episódio de uma série, ou até mesmo a eventos ao vivo, já não exige mais o ritual de se sentar na frente da TV em uma hora pré-determinada. Basta entrar em um site, ou baixar um aplicativo no smartphone, e no tablet para ter acesso a programas em qualquer lugar e a qualquer hora. Quem prefere o conforto do sofá não precisa ficar preso à grade de programação das emissoras. Com as TVs conectados à internet, fica fácil escolher o que assistir.

Além dos canais convencionais, os novos modelos de TVs têm aplicativos que dão acesso a catálogos de vídeos, notícias e outros conteúdos disponíveis na web. Na lista dos serviços disponíveis estão os programas exibidos pelo Terra TV, as receitas do site Cybercook, entre outros. Também é possível alugar e ver filmes e seriados em locadoras virtuais como Netmovies e Saraiva Digital. Até ligações telefônicas podem ser feitas pela TV usando uma versão específica do Skype.

Embalada pelo aumento no número de conexões à internet em banda larga no país, a venda de aparelhos com acesso à internet tem crescido de forma acelerada. Segundo a consultoria GfK, em 2009, ano em que os primeiros modelos com o recurso chegaram ao país, foram apenas 5,8 mil aparelhos, o equivalente a 0,2% das TVs vendidas no país. No ano passado, o número subiu quase cem vezes: foram 403 mil aparelhos, ou 7,3% do mercado total.

Para 2011, a expectativa é de um novo salto. Segundo Rafael Cintra, gerente sênior da área de TVs da Samsung, as vendas podem chegar a 1,6 milhão de aparelhos. A fabricante coreana, que no ano passado colocou 14 modelos de TVs com conexão à internet à venda no país, subiu o número para 25 em 2011. O modelo mais barato, de 32 polegadas, custa R$ 2,1 mil. É um preço bastante camarada se comparado ao custo dos primeiros equipamentos lançados no país, há dois anos. O primeiro modelo, um aparelho de 40 polegadas, custava R$ 7,7 mil, lembra Cintra.

Na concorrente Sony, o modelo mais barato é vendido por R$ 2,3 mil, segundo Luciano Bottura, gerente de marketing da linha de TVs Bravia. Na avaliação do executivo, além do crescimento da banda larga, a percepção dos usuários quanto aos benefícios da tecnologia está aumentando, o que tende a acelerar a procura por modelos com esse recurso.

A fabricante japonesa tem atualmente 22 aparelhos com conexão à internet à venda no Brasil. Segundo Bottura, elas dão acesso a 34 canais de vídeo. O executivo afirma que a companhia está em negociações com a Netflix para incorporar o serviço à sua oferta.

Quem também negocia a chegada do serviço a seus aparelhos é a coreana LG. A companhia anunciou ontem novos modelos de TVs, que serão lançadas no país a partir de julho, e espera reproduzir nessa linha um acordo global que mantém com a Netflix.

No fim de abril, a companhia registrou na Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) a abertura de uma empresa chamada Netflix Entretenimento Brasil. Em seu objeto social, ela é descrita como portal e provedora de conteúdo e outros serviços de informação na internet. Procurada pelo Valor, a locadora americana não se pronunciou sobre seus planos para o Brasil até o fechamento dessa edição.

Segundo Daniel Topel, executivo-chefe da locadora brasileira Netmovies, a chegada da concorrente americana vai gerar uma "boa briga". "O mercado está em crescimento. Há espaço para mais de uma empresa de vídeos pela internet", diz. A Netmovies, que no ano passado foi vendida pela holding Ideiasnet para a gestora de recursos americana Tiger Global por R$ 11,1 milhões, tem aplicativos em aparelhos da Samsung e da LG. Segundo Topel, as negociações estão avançadas com outros fabricantes.

Além das TVs, o acervo de 4 mil títulos disponíveis on-line na Netmovies pode ser assistido pela internet, por tablets e por smartphones. De acordo com o executivo, a multiplicidade de dispositivos onde um conteúdo pode ser assistido é uma demanda dos consumidores. "O tipo de aparelho escolhido depende do momento em que a pessoa se encontra."

O Terra tem procurado reproduzir nas TVs conectadas a mesma estratégia que adotou para a transmissão de vídeos na internet por meio de computadores e dispositivos móveis. Pedro Rola, diretor de produtos de mídia, aposta no crescimento da audiência nas TVs. "As pessoas já estão acostumadas com essa experiência", afirma.

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