A cidade chilena de Viña del Mar, a 140 quilômetros da capital Santiago, ficou famosa por suas belas praias. Hoje, Viña del Mar é também conhecida por abrigar algumas das melhores faculdades do país na área de engenharia. A oferta de mão de obra qualificada pesou na decisão da multinacional americana General Electric de investir 30 milhões de dólares na criação de um novo centro de exportação de serviços de tecnologia, com sede na cidade. O centro deve gerar 1 000 empregos e a previsão da GE é que ele entre em operação no início de 2010. Outra empresa americana, a Equifax, especializada em análise de crédito, com presença em 34 países e faturamento anual de quase 2 bilhões de dólares, também escolheu recentemente o Chile como a sede de um novo centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Seus executivos tomaram a decisão depois de analisar diversas opções, entre elas, Argentina, Brasil, Costa Rica, Irlanda e Índia. A operação começou a funcionar há dois meses em Santiago.
As iniciativas da Equifax e da GE são o capítulo mais recente de um movimento que está transformando o Chile numa espécie de Vale do Silício da América Latina. Nos últimos anos, o país virou um polo de atração de empresas de tecnologia e de serviços terceirizados. Já existem lá 430 companhias desse setor, sendo 130 estrangeiras, incluindo subsidiárias de gigantes como a TCS, braço de TI do grupo indiano Tata, e a americana Oracle. Segundo relatório recente da consultoria americana AT Kearney, o Chile está entre os dez destinos mais atraentes do mundo para sediar as empresas de serviços globais, como é conhecido o setor de terceirização de serviços de tecnologia da informação, contabilidade e gestão financeira para os escritórios de companhias do mundo todo. No mesmo ranking, o Brasil aparece na 12a posição.
Segundo o relatório da AT Kearney, o Chile tem vantagens como estabilidade política, mão de obra qualificada, boa infraestrutura e um clima favorável a negócios. No setor de tecnologia, o governo chileno criou um programa especial para atrair investidores estrangeiros, com incentivos financeiros durante as fases de prospecção, instalação e desenvolvimento do negócio. "Em alguns casos, os vários tipos de incentivo são suficientes para cobrir 25% da folha de pagamento dessas empresas no primeiro ano de funcionamento", afirma Carlos Alvarez, vice-presidente executivo da Corporación de Fomento de la Producción (Corfo), órgão do governo do Chile que estimula os investimentos no país.
Como resultado dessa política, as receitas obtidas com a exportação de serviços globais superaram os 800 milhões de dólares no ano passado -- quatro vezes mais que a cifra registrada em 2006. Até 2010, esse número pode chegar à marca de 1 bilhão de dólares (veja quadro). Para efeito de comparação, o setor de vinhos, um dos mais fortes e tradicionais do país, exportou 1,4 bilhão de dólares em 2008. "Em razão do potencial de expansão, o setor de negócios globais tornou-se uma das prioridades do nosso governo", diz Alvarez.
Uma das primeiras multinacionais da área de TI a chegar ao Chile foi a indiana TCS, que passou a operar no país em 2003, com apenas 20 funcionários. Em 2006, a companhia adquiriu por 23 milhões de dólares a Comicrom, a maior empresa chilena de terceirização de processos de negócio (setor conhecido como BPO, sigla para Business Process Outsourcing). Hoje, com uma equipe de 1 500 funcionários, a filial da TCS no Chile sedia o principal centro de BPO da empresa na América Latina. Alguns de seus principais clientes locais são o Grupo Santander e o BBVA. "Tradicionalmente, os fornecedores de serviços globais sempre foram os indianos, mas isso está mudando porque todos procuram novos mercados", afirma Mario Tucci, vice-presidente de marketing da TCS para a América Latina. "O Chile é um dos países que souberam aproveitar essa oportunidade."
Fonte: Portal Exame
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