O Google investiu muito tempo e dinheiro na formação de uma ampla aliança de companhias para dar suporte ao Android, seu sistema operacional para telefones móveis. A Open Handset Alliance soma agora 47 membros, incluindo fabricantes de equipamentos, software e chip. Agora, o Google está pensando em se movimentar para vender seu próprio telefone, o que poderá minar a coalizão.
Fabricantes de celulares como a Motorola e a Samsung, em particular, poderão começar a ver o Google mais como um rival do que um aliado, se o gigante das buscas na internet começar a vender produtos que disputarão mercado com os seus. "Isso poderá destruir a Open Handset Aliance", diz o gerente de programas Will Stofega da companhia de pesquisas de mercado IDC.
O Google não confirmou seus planos de vender seu próprio telefone celular. Em uma postagem de blog em 12 de dezembro, a companhia diz apenas que está dando aos funcionários "um aparelho que combina um equipamento inovador de um parceiro com um software que roda no sistema operacional Android, para experimentar novas funções e capacidades móveis". Mesmo assim, os parceiros suspeitam que o Google lançará um telefone no ano que vem. A companhia poderá vender o aparelho diretamente para os clientes, mas a "Bloomberg BusinessWeek" descobriu que o Google também está em negociações sobre distribuição com a T-Mobile USA.
O Google poderá ter de vender seu próprio telefone inteligente para competir melhor com a Apple, que tem a liderança no setor com o popular iPhone. Para garantir seu lugar no mundo emergente da computação móvel, o Google precisará ter um grande número de pessoas usando telefones com o sistema operacional Android e uma grande comunidade de desenvolvedores de software que criem novos aplicativos. Frank Meehan, executivo-chefe da INQ Mobile, uma companhia britânica que pretende lançar um telefone com o Android no ano que vem, diz que o telefone do Google poderia beneficiar todo o mercado. "Se isso ajudar os consumidores a apreciarem os aparelhos com o Android, será uma boa coisa para nós quando lançarmos", diz ele.
Mas Meehan e outros parceiros também têm preocupações. Se o Google segurar os melhores aplicativos novos para o Android e funções para seu próprio telefone, isso poderá lhe dar uma vantagem injusta. Michael Thompson, vice-presidente sênior da Nuance, empresa que desenvolve aplicativos para o Android, diz que "é bem provável" que alguns fabricantes de celulares desistirão do Android se o Google entrar no negócio. Alguns parceiros poderão mudar para concorrentes do Android, como o Symbian, sistema operacional apoiado pela Nokia, ou mesmo Microsoft Windows Phone, que está em declínio. "Se for para colocar a Microsoft de volta no jogo, não consigo pensar numa maneira melhor", diz Jack Gold, diretor da J. Gold Associates, uma firma de pesquisas no setor de tecnologia.
Kevin Burden, analista e consultor da ABI Research, diz que o Google pode acreditar que consegue demonstrar melhor as capacidades do Android e assim motivar seus parceiros. Mas a companhia também terá que reconhecer os riscos. "Isso é a mesma coisa que brincar com fogo", diz ele.
Fonte: Valor Online
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