Até o final de 2010 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pretende estar preparado para conseguir prever o tempo em uma escala muito pequena. Com a compra de um dos computadores mais rápidos do mundo para essa tarefa, o instituto conseguirá saber, por exemplo, a diferença entre a chuva que poderá cair na Zona Leste e no Centro da cidade de São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao G1, o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, disse que a compra do supercomputador irá custar R$ 50 milhões e faz parte das estratégias do instituto para lidar com eventos climáticos cada vez mais extremos, como as tempestades que causaram enchentes e deslizamentos no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 2008.
Também está dentro das ambições do Inpe o desenvolvimento de um satélite brasileiro para a leitura do tempo, pois hoje é utilizado um equipamento dos EUA. “Estamos vivendo de satélite emprestado”, disse Câmara.
Veja, abaixo, alguns trechos da conversa com o diretor do instituto brasileiro responsável, entre outras coisas, pela previsão do tempo oficial, a medição do desmatamento, o inventário dos gases de efeito-estufa e o desenvolvimento de tecnologia espacial.
G1 - Com eventos climáticos extremos, monitorar e prever o tempo se torna cada vez mais importante. O Inpe está preparado essa exigência?
Gilberto Câmara - Estamos terminando de comprar um novo supercomputador. Vamos ter uma máquina de 16 teraflops [16 trilhões de operações matemáticas por segundo]. Deverá ser a maior máquina de previsão do tempo do mundo, e esperamos que até meados do ano ela já esteja funcionando.
Hoje temos um modelo de previsão do tempo com uma grade de 20 quilômetros. Isso significa que cada ponto onde é calculada a previsão fica a 20 quilômetros do mais próximo. Até o final do ano vamos passar para cinco quilômetros, e poderemos capturar eventos mais localizados. A gente conseguiria, em São Paulo, saber a diferença entre a chuva que vai cair Zona Leste e a que vai ocorrer no Centro.
Fizemos uma simulação para saber como teria sido a previsão dos eventos climáticos em Santa Catarina [que ocorreram em 2008] se nós já tivéssemos um supercomputador desses. A previsão teria sido bem mais apurada. Ela não foi ruim, mas não teve detalhes suficientes para antecipar a magnitude do evento.
G1 - E quanto a nova máquina vai custar?
Gilberto Câmara - Ao todo nós recebemos R$ 50 milhões do governo, em uma cooperação entre o Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Isso inclui a máquina, que deverá custar entre 30 e 35 milhões, manutenção, pessoal e outros custos, já que um computador desses puxa 600 kVA de energia. Tem que ter uma central de ar condicionado e uma central elétrica só para manter essa máquina.
G1 - Em dezembro, a desativação do satélite Goes 10 mostrou que dependemos dos norte-americanos para monitorar o tempo a partir do espaço. O Brasil tem condições de ter os seus próprios satélites com essa função? Existem planos para isso?
Gilberto Câmara - O satélite Goes 10 tinha sido emprestado pelos EUA para a América Latina. Antes, ele ficava mais ou menos em cima de Quito, no Equador, para ver furacões no Golfo do México, e depois foi movido para cima do Brasil. Era um satélite de segunda mão, pois já tinha sido usado e foi substituído por outro. Eles vão emprestar mais um a partir de maio. Então estamos vivendo de satélite emprestado.
Fonte: G1
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário