quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Baidu mira o mundo após dominar buscas online na China

Depois de conquistar 99% dos mais de 400 milhões de internautas da China, Robin Li, fundador da empresa de buscas online Baidu, está dando os primeiros passos para expandir suas ofertas para o mundo.
Conhecido no ocidente como o executivo à frente da empresa que desbancou o Google na China, Li conduziu o Baidu a ótimos resultados em 2010. O valor das ações mais que dobrou desde janeiro e atualmente a empresa é a quinta maior de internet em valor de mercado do mundo, atrás do rival Google, da Amazon.com, da também chinesa Tencent e do eBay.
Seu objetivo agora é fazer com que a empresa, fundada em 2000, seja conhecida por metade da população mundial ao fim dos próximos 10 anos. Dono de uma fortuna de 7,2 bilhões de dólares, Li defende que pelo menos uma empresa chinesa de internet vai começar a ter impacto internacional.
Para assegurar que o Baidu ocupe o posto, muitos engenheiros da empresa estão dedicados na tradução do site para dezenas de idiomas. Mas Li também se aproveita da experiência nos Estados Unidos no final da década de 90, quando o co-fundador do Baidu, Eric Xu, ocupava o posto de representante de vendas de uma empresa de biotecnologia. Apesar das dificuldades de operar fora do país com uma marca chinesa, Li explora os contatos, a fluência do idioma inglês e possíveis parcerias que explorem sua nada modesta base de clientes.

Ele já confirmou que mantém conversas com o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e frequenta cada vez mais conferências mundo afora. No segundo semestre de 2010 esteve em dois eventos nos Estados Unidos com profissionais do mercado de internet e também investidores – gente com perfil parecido com aqueles que anos antes apostaram em Li e seu sócio, Eric Xu, e investiram 11,2 milhões de dólares na empresa em 2000 (Xu saiu do Baidu em 2004 para fundar um fundo de venture capital especializado em biotecnologia). Ou também com aqueles que tentaram comprar a empresa, como os japoneses do SoftBank ou americanos representantes do Yahoo, da Microsoft ou do Google.


Diante do crescimento do Baidu, não restou muito ao Google senão começar a operar na China. Mas ser americana não favorecia em nada a empresa e os serviços falhavam cada vez que as relações dos governos chinês e americano estremeciam. Encurralado, em março deste ano o Google decidiu bater de frente com a censura imposta pelo Partido Comunista e parou de selecionar os resultados das buscas. Aos poucos foi encerrando sua operação no país – um baque no negócio da empresa, que perde oportunidades no expressivo mercado chinês.
A polêmica tornou proporções globais, mas, para o Baidu, foi um presente. “Durante muito tempo sugeri a eles que passem alguns meses por ano no país para entender a realidade local”, disse o CEO em uma convenção de internet realizada recentemente nos Estados Unidos. “Eles não me ouviram e, sim, me deram um presente”.
Longe da ameaça em seu país da maior potência mundial do setor, o CEO planeja expandir os negócios nas áreas de comércio eletrônico, jogos online e pagamentos eletrônicos – desafiando a também chinesa Tencent. Os antigos e novos serviços passarão a estar disponíveis também para os usuários que acessarem a internet pelo celular. Cerca de 850 milhões de chineses possuem um aparelho de telefone móvel atualmente, mas apenas 150 milhões têm recursos de acesso à rede (e mesmo assim via rede 2G). Para dentro ou para fora do país, o Baidu está pronto para crescer.
Li, no entanto, é alvo de denuncias de conivência com a manipulação dos resultados das buscas. O assunto voltou à pauta no início deste ano, quando os Estados Unidos fizeram um apelo pela liberdade de expressão na internet, citando a China como contraexemplo. O executivo defende-se dizendo que é um empreendedor e não um político. Cabe a ele, portanto, seguir as regras de negócio. De um jeito ou de outro, selecionar os resultados de buscas tem garantido benefício ao Baidu no país, que segue com caminho livre para crescer a reboque da economia chinesa. Para conquistar o resto do mundo, porém, pode ser um problema.

Fonte: Portal Exame

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